FILOSOFIA E ECONOMIA REFLETEM A QUESTÃO
DA RIQUEZA E DA POBREZA
O presente texto apresenta reflexões de
teóricos da economia e da filosofia, que trataram de temas voltados a riqueza e
a pobreza nas sociedades dos indivíduos. Dar-se ênfase aos principais pensadores
da “Escola de Economia Clássica”. Temas econômicos são tratados por filósofos como
Platão, (427-348 a.C.), Aristóteles (384 a 322 a.C.) desde a antiguidade
greco-romana, bem como contribuições dos “pensadores católicos da Escolástica”,
entre os quais, talvez o pensador de maior expressão e influência: Santo Tomás
de Aquino (1225-1274), que defendeu a propriedade individual privada e formulou
a ideia de que o preço justo das coisas se dá pela utilidade, ou pela escassez.
No século XVII inicia-se o desenvolvimento da
economia como ciência, esta chega à seu ápice com o filósofo e economista
escocês Adam Smith (1723-1790). Na segunda metade deste século destaca-se o
filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 - 1769) e, sobretudo o filósofo inglês John
Locke (1632-1704), crítico da intervenção estatal na economia e, apologista da propriedade privada e do livre
mercado. No contexto dos avanços da
modernidade, a próxima etapa do desenvolvimento da ciência econômica ocorre com
a fisiocracia, vertente econômica derivada do iluminismo francês, tem como seu
principal precursor o economista Richard Cantillon (1680-1734). Para o
fisiocratas é função do Estado proteger a propriedade individual privada e, garantir
a liberdade econômica.
A escola Clássica de Economia fundamenta-se
principalmente nas teorias econômicas do filósofo e historiador escocês David
Hume (1711-1776), um defensor do livre comércio, cujo pensamento foi a
principal influência no liberalismo econômico do escocês Adam Smith,
considerado o pai da economia clássica. A Escola Clássica caracteriza-se pela
“ênfase nos fenômenos da produção”, “defesa do livre concorrência” e crítica à
intervenção estatal na economia.
Das obras de Adam Smith destaca-se: “A
riqueza das nações (1776)”, onde apresentou o que entendia ser “os verdadeiros
fatores que determinam o aumento da riqueza das nações”. Smith aborda a riqueza
enquanto resultado do trabalho humano. Também foi contrário à intervenção
social, destacou o individualismo e, considerou que “os interesses privados livremente
desenvolvidos seriam harmonizados por uma espécie de ‘mão-invisível’”. Tratou minimamente
de temas sobre a pobreza.
Os primeiros economistas liberais, os fisiocratas
David Hume e Adam Smith se preocuparam principalmente em descobrir as causas e a
natureza da riqueza das sociedades. Já a nova geração de economistas clássicos,
influenciados por Jeremy Bentham (1748 – 1832) e Thomas Malthus (1766-1834), inverteu
o foco de análise, procurando entender o fenômeno da pobreza.
Com as mudanças econômicas e sociais advindas
como consequências da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, que
permitiu uma melhora da qualidade de vida e difundiram a ideia de igualdade, os
economistas clássicos da segunda geração mudaram o foco de suas análises e,
deixaram de enfatizar a riqueza para explorar os temas relacionados às fontes
da pobreza. Essa mudança influenciou pensadores a deixar gradativamente a
defesa da livre iniciativa e afirmar a presença do Estado na economia.
Na segunda metade do século XIX economistas,
políticos e filósofos passaram assumir as críticas à Escola Clássica e
apresentar soluções com base em uma “nova e utópica concepção de mundo: o
chamado socialismo científico.” Infelizmente uma parcela significativade
economistas e de filósofos adotou essa visão extremada e obscura da realidade, acreditando
que a pobreza é resultado do “perverso e injusto” sistema capitalista.
Para o economista austríaco Ludwig Von Mises
(1881-1973), o capitalismo é um sistema “baseado na concorrência, na divisão do
trabalho, na propriedade privada dos meios de produção e na liberdade
econômica”. O referido economista também ressalta que o sistema de mercado não
é “permissivo e selvagem”, pois é uma instituição social caracterizada por
regras de conduta, garantidas pela moralidade dos indivíduos e a legislação do
estado de direito.
A partir da perspectiva do liberalismo
econômico, o capitalismo não resulta na “exploração dos mais humildes” e também
não “gera desigualdades materiais e concentração de renda”. É um equivoco
confiar ao Estado a regulação das “transações econômicas” e a implantação de
“nefastas políticas de assistência social”. É preciso abdicar das ideias marxistas
e keynesianas, pautadas no intervencionismo para então retornar aos fundamentos
da Escola Clássica.
Os ensinamentos da Escola Clássica ainda são
válidos, mesmo que esquecidos. Especialmente sobre o tema da pobreza. Entre as
modernas escolas econômicas atuais, a Escola de Economia Personalista
representada por teólogos protestantes como: Abraham Kuyper (1837-1920) e o
luterano Reinhold Niebuhr (1892-1971) e renomados economistas como Carl Menger
(1840-1921), Friedrich August Von Hayek, Luigi Einaudi (1874-1961), Milton
Friedman entre outros representantes de diversas escolas econômicas, oferecem
soluções aos problemas do mundo globalizado. Trata-se de propostas
interdisciplinares que buscam novos modelos econômicos que preservem as pessoas
e seu lugar na sociedade. São características da Escola Personalista: a) a defesa
de agentes éticos e de instituições jurídicas sólidas; b) primazia da educação;
c) o combate à pobreza através da inclusão que leve ao “desenvolvimento das
potencialidades humanas e a criação de riqueza”. Assim, a Escola personalista procura
refletir e combater a pobreza, apostando na interdisciplinaridade, na busca de
soluções para a construção de uma sociedade livre, próspera e justa.
Alvaro Junior Linhares Trentini
Acadêmico de Ciências Sociais
Participante do Projeto de Iniciação Científica
Voluntário (PIVIC) em torno da temática: A teologia da economia como fundamento
da economia financeirizada global e sua relação com o Estado.
Professor Orientador: Dr. Sandro Luiz Bazzanella
Professor de Filosofia
Coordenador Programa de Mestrado em Desenvolvimento
Regional
Universidade do Contestado
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