segunda-feira, 23 de novembro de 2015

FILOSOFIA E ECONOMIA REFLETEM A QUESTÃO DA RIQUEZA E DA POBREZA


FILOSOFIA E ECONOMIA REFLETEM A QUESTÃO DA RIQUEZA E DA POBREZA

O presente texto apresenta reflexões de teóricos da economia e da filosofia, que trataram de temas voltados a riqueza e a pobreza nas sociedades dos indivíduos. Dar-se ênfase aos principais pensadores da “Escola de Economia Clássica”. Temas econômicos são tratados por filósofos como Platão, (427-348 a.C.), Aristóteles (384 a 322 a.C.) desde a antiguidade greco-romana, bem como contribuições dos “pensadores católicos da Escolástica”, entre os quais, talvez o pensador de maior expressão e influência: Santo Tomás de Aquino (1225-1274), que defendeu a propriedade individual privada e formulou a ideia de que o preço justo das coisas se dá pela utilidade, ou pela escassez.
No século XVII inicia-se o desenvolvimento da economia como ciência, esta chega à seu ápice com o filósofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790). Na segunda metade deste século destaca-se o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588 - 1769) e, sobretudo o filósofo inglês John Locke (1632-1704), crítico da intervenção estatal na economia e,  apologista da propriedade privada e do livre mercado.  No contexto dos avanços da modernidade, a próxima etapa do desenvolvimento da ciência econômica ocorre com a fisiocracia, vertente econômica derivada do iluminismo francês, tem como seu principal precursor o economista Richard Cantillon (1680-1734). Para o fisiocratas é função do Estado proteger a propriedade individual privada e, garantir a liberdade econômica.
A escola Clássica de Economia fundamenta-se principalmente nas teorias econômicas do filósofo e historiador escocês David Hume (1711-1776), um defensor do livre comércio, cujo pensamento foi a principal influência no liberalismo econômico do escocês Adam Smith, considerado o pai da economia clássica. A Escola Clássica caracteriza-se pela “ênfase nos fenômenos da produção”, “defesa do livre concorrência” e crítica à intervenção estatal na economia.
Das obras de Adam Smith destaca-se: “A riqueza das nações (1776)”, onde apresentou o que entendia ser “os verdadeiros fatores que determinam o aumento da riqueza das nações”. Smith aborda a riqueza enquanto resultado do trabalho humano. Também foi contrário à intervenção social, destacou o individualismo e, considerou que “os interesses privados livremente desenvolvidos seriam harmonizados por uma espécie de ‘mão-invisível’”. Tratou minimamente de temas sobre a pobreza.
Os primeiros economistas liberais, os fisiocratas David Hume e Adam Smith se preocuparam principalmente em descobrir as causas e a natureza da riqueza das sociedades. Já a nova geração de economistas clássicos, influenciados por Jeremy Bentham (1748 – 1832) e Thomas Malthus (1766-1834), inverteu o foco de análise, procurando entender o fenômeno da pobreza.
Com as mudanças econômicas e sociais advindas como consequências da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, que permitiu uma melhora da qualidade de vida e difundiram a ideia de igualdade, os economistas clássicos da segunda geração mudaram o foco de suas análises e, deixaram de enfatizar a riqueza para explorar os temas relacionados às fontes da pobreza. Essa mudança influenciou pensadores a deixar gradativamente a defesa da livre iniciativa e afirmar a presença do Estado na economia.
Na segunda metade do século XIX economistas, políticos e filósofos passaram assumir as críticas à Escola Clássica e apresentar soluções com base em uma “nova e utópica concepção de mundo: o chamado socialismo científico.” Infelizmente uma parcela significativade economistas e de filósofos adotou essa visão extremada e obscura da realidade, acreditando que a pobreza é resultado do “perverso e injusto” sistema capitalista.
Para o economista austríaco Ludwig Von Mises (1881-1973), o capitalismo é um sistema “baseado na concorrência, na divisão do trabalho, na propriedade privada dos meios de produção e na liberdade econômica”. O referido economista também ressalta que o sistema de mercado não é “permissivo e selvagem”, pois é uma instituição social caracterizada por regras de conduta, garantidas pela moralidade dos indivíduos e a legislação do estado de direito.
A partir da perspectiva do liberalismo econômico, o capitalismo não resulta na “exploração dos mais humildes” e também não “gera desigualdades materiais e concentração de renda”. É um equivoco confiar ao Estado a regulação das “transações econômicas” e a implantação de “nefastas políticas de assistência social”. É preciso abdicar das ideias marxistas e keynesianas, pautadas no intervencionismo para então retornar aos fundamentos da Escola Clássica.
Os ensinamentos da Escola Clássica ainda são válidos, mesmo que esquecidos. Especialmente sobre o tema da pobreza. Entre as modernas escolas econômicas atuais, a Escola de Economia Personalista representada por teólogos protestantes como: Abraham Kuyper (1837-1920) e o luterano Reinhold Niebuhr (1892-1971) e renomados economistas como Carl Menger (1840-1921), Friedrich August Von Hayek, Luigi Einaudi (1874-1961), Milton Friedman entre outros representantes de diversas escolas econômicas, oferecem soluções aos problemas do mundo globalizado. Trata-se de propostas interdisciplinares que buscam novos modelos econômicos que preservem as pessoas e seu lugar na sociedade. São características da Escola Personalista: a) a defesa de agentes éticos e de instituições jurídicas sólidas; b) primazia da educação; c) o combate à pobreza através da inclusão que leve ao “desenvolvimento das potencialidades humanas e a criação de riqueza”. Assim, a Escola personalista procura refletir e combater a pobreza, apostando na interdisciplinaridade, na busca de soluções para a construção de uma sociedade livre, próspera e justa.

Alvaro Junior Linhares Trentini
Acadêmico de Ciências Sociais
Participante do Projeto de Iniciação Científica Voluntário (PIVIC) em torno da temática: A teologia da economia como fundamento da economia financeirizada global e sua relação com o Estado.

Professor Orientador: Dr. Sandro Luiz Bazzanella
Professor de Filosofia
Coordenador Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional
Universidade do Contestado

Nenhum comentário:

Postar um comentário