SOBRE O DIREITO DE SER
HUMANO: UMA ANÁLISE DO MARXISMO FILOSÓFICO SOBRE O ANDAMENTO DA HISTÓRIA
Para o homem sair de
sua condição de objeto para sujeito histórico, ele deve suprir suas
necessidades mais objetivas, materiais e animais. Em um mundo onde as necessidades
são mercantilizadas, o homem é impedido de fazer história.
“O primeiro pressuposto de toda existência humana e também portanto, de
toda a história [...] [é] o pressuposto de que os homens têm de estar em
condições de viver para poder “fazer história”. Mas para viver, precisa-se,
antes de tudo, de comida, de bebida, moradia, vestimenta e algumas coisas
mais.” Marx e
Engels. – Crítica da ‘Caracterização de Ludwig Feuerbach’, de Bruno Bauer.
O
homem é uma máquina orgânica, como qualquer outro animal, e para manter-se
funcional precisa comer, beber e descansar. O que diferencia o homem de sua
condição animal e o eleva é sua capacidade de transformar o mundo ao seu redor.
Ele será capaz de dar sentido ao seu mundo, fazer arte e entender o outro. Mas para
poder fazer todas essas coisas e mais, ele precisa em primeiro momento suprir
suas necessidades mais animais.
Em
um primeiro momento, o homem para fazer história deve se libertar das
limitações materiais: a fome, a sede, o frio, a escassez. Com o avanço das
condições humanas de transformação do mundo; como a sedentarizarão e o avanço
da agricultura, ele pode se colocar a pensar em novas questões e necessidades;
ele pode passar a suprir novas necessidades, necessidades que não existem para
os animais: Necessidades inerentemente humanas. Ora, para se humanizar, o homem
deve primeiramente superar as condições animais. Na Ideologia Alemã, lê-se que:
“[...] a satisfação dessa primeira
necessidade [comida, bebida, moradia, vestimenta e algumas coisas mais] conduzem
a novas necessidades – e essa produção de novas necessidades constitui o [...]
ato histórico.”
Ele,
então, passa de objeto para sujeito histórico. Ele começa a fazer história ao
decidir transformar o mundo, ao decidir se relacionar com o outro, seja qual
forma. Começa a fazer todo tipo de máquina, desde a roda na antiguidade para a
máquina a vapor para minimizar cada vez mais sua condição de animal e emprega
seu tempo em questão cada vez mais humanas. Ele pinta, ele dança, ele cria
música, arte, representações – ele enxerga subjetividades que um animal sequer
reconhece como tal.
O
controle, no entanto, sempre existiu. O avanço tecnológico poderia ter
permitido que a humanidade, há muito, pudesse ter conquistado sua condição
humana, mas ela se limitara às classes dominantes contemporâneas a seu tempo. O
homem para ser homem precisava se conter dentro de uma classe, ou seria
submetido a transformar o mundo para o outro, e nunca para si mesmo. Nos
Manuscritos Econômico-Filosóficos, Marx dirá que:
“[...] o homem (trabalhador) só se sente como
[ser] livre e ativo em suas funções animais, comer, beber e procriar [...], e
em suas funções humanas só [se sente] como animal. O animal se torna humano, e
o humano animal.”
Ora,
o que há de mais humano no homem é sua capacidade de transformar o mundo ao seu
redor, mas ele não o faz porque quer, empregando a tecnologia de forma a suprir
suas necessidades materiais, ele o faz justamente para suprir suas necessidades
materiais e animais, pois o produto de sua transformação, o produto de seu
trabalho subjetivamente não o pertence. A terra em que trabalha, a máquina que
domina é supostamente pertencente a membros de uma classe dominante, que pode
nunca ao menos ter a usado. Escravizado pelo Homem que irracionalmente detém os
meios de sua produção pela sua fome, sede e cansaço, ele se vê obrigado a fazer
o que é mais humano, a transformar o mundo para suprir suas necessidades
animais. O homem é impedido de fazer história enquanto tenta fazê-la ao
transformar o mundo.
Fazendo
o que é de mais humano para suprir suas necessidades animais, algo que deveria
propor um ato histórico, o homem é escravizado por suas necessidades quando os
meios para supri-las completamente já existem. O homem foi capaz de vencer a
gravidade e lançar peças de metais para além da atmosfera, mas não de
conquistar seu direito histórico de ser humano.
A
luta comunista é a luta pelo direito de ser homem e o direito de fazer
história. Pelo fim da escravização do homem pelo homem por intermédio das
necessidades. Para poder fazer música, arte e foguetes ao invés de se ver
obrigado a trabalhar para vencer sua fome, sede ou cansaço.

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