OS DESAFIOS E A IMPORTÂNCIA DO ENSINO À DISTÂNCIA - EAD - NO BRASIL
No início do século
atual, me lembro de ter participado de uma discussão sobre a necessidade de as
universidades oferecerem o ensino à distância. Havia fortes resistências e, no
meio acadêmico, elas sempre se manifestam na forma de discursos logicamente
estruturados. Eu perguntava como e por que as universidades resistiriam a um
dos efeitos mais espetaculares da revolução tecnológica em curso e da
constituição da sociedade em rede em que vivemos. Atualmente, as resistências
deram lugar ao reconhecimento dos desafios que estão postos e de sua
importância no alcance às demandas instrucionais de muita gente.
A premissa básica
era, e continua sendo, a de que o ensino virtual não substitui a presença de
professores e alunos e os resultados profícuos dessa relação à formação dos
indivíduos e ao capital humano pra toda a sociedade. Esse argumento sempre foi
importante, porque uma boa relação entre professores e alunos é realmente
insubstituível, o que sugere que essa relação não deve acabar, jamais. A esse
respeito, é possível dizer duas coisas: a primeira é reconhecer a tendência de
que as duas formas, virtual e presencial, deverão se aproximar e se tornar
híbridas, ao invés de se tornarem alternativas em oposição.
Em segundo lugar, não
se imagine que com tantos recursos tecnológicos à disposição, as formas de
comunicação virtual possam se tornar um obstáculo à profícua relação entre
alunos e professores. Ao contrário, elas serão aprimoradas. Por um lado, tudo
aquilo que os alunos podem fazer por si, já o fazem e isso tem vantagens. Se ganha
tempo, autodisciplina e sobram recursos de consulta pela internet. Por outro
lado, as relações presenciais acontecerão de maneira cada vez mais objetiva e qualitativa.
Serão mais atraentes aos alunos e menos cansativa aos professores,
desencarregados de burocracia e de cargas horárias extenuantes.
Entre os grandes
desafios do ensino à distância está o de aproximar a relação entre o professor
e os alunos. Essa relação, intermediada pela tecnologia disponível, deve ser
intensificada. Nesse processo, o feedback institucional às demandas do aluno é
igualmente elementar. A evasão do ensino superior no Brasil é alta e, no ensino
à distância, sua maior causa são justamente as lacunas de comunicação entre a
IES e o aluno. Analistas do mercado educacional creem que, no EaD, elas serão
ser preenchidas por pequenas e médias instituições que demonstrem bons
indicadores de qualidade e se concentrem nessa relação.
Em 2001, quando as
universidades brasileiras torciam o nariz ao EaD, este segmento representava
0,2% das matrículas de graduação. Dez anos depois, já eram de 15% e,
atualmente, são 20%. Na próxima copa do mundo, o percentual de alunos do EaD
deverá superar o número de matriculados presenciais no Brasil. Hoje, a grande
importância do EaD no Brasil é também seu desafio maior, qual seja, levar a
oferta de ensino superior a qualquer lugar deste país. Nesse quadro, somente
com a oferta do EaD poderemos elevar os índices de ensino superior brasileiros
ao patamar dos países desenvolvidos nas próximas duas décadas.
Dr. Walter Marcos
Knaesel Birkner
Sócio-consultor e
professor do INVICTO
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