A ECONOMIA E A SUBSISTÊNCIA DO HOMEM
Os peixes não sabem
que existe a água. Porém, ela é sua condição vital. Na atualidade a economia política constitui
nossa forma de vida em tal magnitude e extensão que se constitui em tarefa
quase impossível questioná-la em seu modo de funcionamento. Se por um lado
exigimos ética nas relações sociais, na política, não passa pelo imaginário
social exigir ética na economia. Para os Gregos Antigos que se encontram na
gênese da civilização Ocidental, a economia estava restrita a esfera privada,
da casa, das relações de manutenção da vida biológica.
Na Idade Média, a economia tinha a incumbência de garantir a subsistência da pessoa humana inserida na comunidade cujos esforços prioritários vinculavam-se a prática da virtude em função da promessa cristã de salvação. Na modernidade, a economia assumiu a centralidade do espaço público e comunitário, constituindo-se como determinante na forma de vida dos indivíduos e, das relações sociais. Sob tais pressupostos torna-se central refletir e procurar compreender como a economia se tornou nossa condição vital na atualidade.
Na Idade Média, a economia tinha a incumbência de garantir a subsistência da pessoa humana inserida na comunidade cujos esforços prioritários vinculavam-se a prática da virtude em função da promessa cristã de salvação. Na modernidade, a economia assumiu a centralidade do espaço público e comunitário, constituindo-se como determinante na forma de vida dos indivíduos e, das relações sociais. Sob tais pressupostos torna-se central refletir e procurar compreender como a economia se tornou nossa condição vital na atualidade.
A aceleração do
consumo e as relações que se estabelecem no cenário econômico entre homem e
mercadoria, no que diz respeito aos rumos do mercado mundial impactam diretamente
nas sociedades. Demonstram que os sistemas de mercado exercem cada vez mais
força sobre os rumos dos organismos sociais gerando desigualdades e exclusões.
Sob tais pressupostos, a economia assume aspectos e características de um ser
transcendente que dita às regras da vida do homem e justifica-se por si mesma intensificando
as disparidades promovidas nesta dinâmica. Neste contexto é necessário
questionar: quais seriam as origens deste pensamento? E a economia constituiria
o fator primordial para a explicação das motivações e escolhas dos seres
humanos?
Para compreender
estas relações e como elas se estabeleceram faz-se necessário retomar alguns fatos
históricos atrelados ao Estado. É preciso compreender como as sociedades transitaram
da sua organização arraigadas na tradição, onde o fator econômico encontrava-se
inserido nas relações sociais, e, em que momento as relações sociais passaram a
ser orientadas pela economia.
O filosofo e
historiador húngaro Karl Polanyi (1886-1964) atribui essas mudanças ao Estado absolutista
que controlado pelo rei, legalizava as práticas antissociais e gananciosas. A
ideia de gerar renda ao homem, para que ele pudesse adquirir terras. Com o
advento da revolução industrial e, até os dias de hoje, a única forma de adquirir
renda para quem não possui capital é vendendo sua força de trabalho e recebendo
um salário para isso. Com a renda o homem pode adquirir terras. Essa relação no
transcorrer da modernidade à atualidade transformou terra e trabalho em
mercadorias. Nesta condição, surgem os mercados de trabalho – salário – renda –
terra.
No contexto do Estado
absolutista as terras permaneceram submetidas às práticas feudais e limitadas
pela coroa.Com o fortalecimento das relações de produção posteriormente com as
práticas de comércio exterior, o sistema de mercado tomou força. As relações de
produção se estabeleceram onde os trabalhadores desprovidos de terras produziam
mercadorias contribuindo para ao aumento da produção motivada pelo medo da
fome. Os donos das empresas visavam o lucro e, diante disso o sistema se
manteve em funcionamento.
Sob tais condições, os
mecanismos de mercado começaram a regular estas relações econômicas e políticas
que se tornaram indispensáveis à vida do corpo social. Para a economia o homem
passa a ter sua vida regulada nos sistemas de mercado. Suas decisões e relações
se consolidaram na dinâmica de consumo e produção.O ser humano torna-se apenas
um meio para produzir. As sociedades passam a fazer parte dos sistemas
econômicos e suas relações acontecem pautadas na economia, enquanto nas
organizações sociais do passado, essas analogias eram inversas, sendo a
economia parte das interações sociais.
Neste contexto, a dinâmica
de mercado atribuiu-se a regulação das relações e seus desdobramentos geraram desigualdades
no âmbito econômico da organização das sociedades. Quando os indivíduos são
motivados a escolher algo, suas razões podem não ser apenas
de cunho material, admitir um determinismo econômico é reduzir as relações
sociais apenas as condições de trabalho – renda – terra, neste caso não se
aplica como único fator de análise para definir o indivíduo e sua organização
social.
O homem é dotado de sensações
e prazeres e para além das condições culturais, éticas e morais, suas escolhas
são motivadas por diversos fatores entre eles as experiências, que ocorrem de
acordo com as interações com o corpo social no qual está inserido.Não obstante,a
condição econômica não pode ser relacionada a somente uma determinante, mas a
uma dessas interações que compõem as organizações sociais.
Publicado
no Jornal Ótimo de Canoinhas em 02/10/2015
Jucilene Paula Silva
Acadêmica de Ciências Sociais da Universidade
do Contestado - UnC
Pesquisador PIVIC/UnC
Membro do Grupo de Pesquisa em Ciências
Humanas/Giorgio Agamben – CNPq
Orientador
SANDRO LUIZ BAZZANELLA
Professor Filosofia
da Universidade do Contestado - UnC
Coordenador Programa
de Mestrado em Desenvolvimento Regional
Líder Pesquisador PIVIC/UNC
Líder do Grupo de
Pesquisa em Ciências Humanas/Giorgio Agamben - CNPq

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