terça-feira, 10 de novembro de 2015

TODOS JUNTOS POR UMA GRANDE CAUSA


TODOS JUNTOS POR UMA GRANDE CAUSA

“Artigo com base em uma palestra de Chimamanda Ngozi Adichie, 37 anos, nigeriana, ativista dos direitos das mulheres”.

O presente artigo propõe a reflexão em torno da discriminação contra as mulheres. Mas, não será para as feministas e nem sobre elas. Feministas fazem partes de grupos radicais que compõe apenas uma pequena parte da sociedade. Para combater a discriminação feminina precisamos de todos e, não de pequenos grupos. É neste sentido, que escolhi o título “Todos juntos por uma grande causa”, porque é só com o engajamento de toda a sociedade que será possível, se isso for possível, combater a discriminação contra as mulheres.

Porém, em se tratando de um artigo em defesa das mulheres, porque não incluir as feministas? Nas palavras de Adichie, e na qual consideramos válidas, “as feministas odeiam os homens, acham que as mulheres devem mandar nos homens; elas (feministas) não se pintam, não se depilam, estão sempre zangadas, não tem senso de humor e não usam desodorantes”. Será que é com atitudes deste tipo que se consegue o respeito tanto desejado e almejado pelas mulheres?
 Ao repetimos um argumento, ou uma ideia várias vezes há uma tendência a naturalização do argumento e da idéia, torna-se normal.  A mesma situação acontece quando vemos algo com frequência se torna normal.  Então reflitamos: na maioria das vezes, só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas. Qual conclusão pode-se tirar desta situação? Será normal que cargos de chefia somente sejam ocupados por homens e, será que esta situação é adequada? É certo que mulheres e homens são diferentes: possuem hormônios diferentes, órgãos sexuais diferentes. As mulheres podem ter filhos, os homens não.  Os homens possuem mais testosterona e são fisicamente mais fortes. Há milhares de anos atrás, quem detinha mais força física – ou seja, os homens – lideravam. Porém, essa lógica vem se alterando. Hoje em dia quem tem mais inteligência e criatividade é quem lidera. E para estes atributos não existem hormônios, força física, ou órgãos específicos, basta dedicação ao estudo.
Perde-se muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas, o oposto não acontece, e a principal contribuição para a reprodução desta condição vêem da educação familiar, desta família chamada “tradicional”, que define papéis orientando que  meninas devem brincar de casinha e,  meninos devam brincar de carrinho, ou as meninas devam usar roupas de cor rosa e os meninos roupas de cor azul.  Evidentemente que não está em jogo aqui  propor uma revolução de gênero, ou mesmo moral. Mudanças de hábitos e valores culturais são lentas e difíceis de ocorrer. Mas, talvez seja oportuno refletir sobre as múltiplas formas  de educar  os filhos de maneira diferente, autêntica em função da construção de uma sociedade comprometida com o respeito a condição do outro em suas especificidades. Ensinar aos meninos que eles não devam ter medo, não podem ser fracos, ou se mostrar vulneráveis é válido, na medida em que as mesmas perspectivas possam valer também para as meninas. Assim é preciso caminhar no sentido de superar aquela forma de educação das meninas que afirma que elas devem cuidar da casa e dos maridos, ensinando as meninas a se encolher ao mando dos homens, que elas não podem ter sucesso e salários maiores que do marido. Talvez seja oportuno reafirmar a necessidade de se caminhar para uma proposta educacional em que salvaguardadas as diferenças entre meninos e meninas, homens e mulheres, o que de fato está em jogo é o compartilhamento de responsabilidades, de visões de mundo, de perspectivas de vida que são comuns à todo e qualquer ser humano independente de sua definição sexual.
Educam-se as meninas para que elas não possam agir como seres sexuais do mesmo modo que os meninos. Muitos pais não se importam com a(s) namorada(s) do filho, mas e os namorados das filhas? Espera-se que elas arranjem o homem perfeito para, na hora certa, se casar. Elogia-se a virgindade delas, mas não a dos meninos, algo que soa estranho, porque a perda de virgindade envolve duas pessoas. E quando se atribui a responsabilidade de um estupro pela roupa que a menina, ou mulher esta vestindo? Esta atribuição de responsabilidade/culpa justificaria ação instintiva e animalesca de um indivíduo escravo de seus desejos e, perversidades?
Para finalizar o presente artigo, porém sem a pretensão de finalizar o debate, Adichie dirá que “o problema de gênero é prescrever como devemos ser, em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para ser quem realmente somos se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero”; Alguém discorda?

Acadêmico Weslei Pauli. Curso de Ciências Sociais –
Universidade do Contestado - Mafra.

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