“Artigo com base em uma palestra de
Chimamanda Ngozi Adichie, 37 anos, nigeriana, ativista dos direitos das
mulheres”.
O presente artigo
propõe a reflexão em torno da discriminação contra as mulheres. Mas, não será
para as feministas e nem sobre elas. Feministas fazem partes de grupos radicais
que compõe apenas uma pequena parte da sociedade. Para combater a discriminação
feminina precisamos de todos e, não de pequenos grupos. É neste sentido, que
escolhi o título “Todos juntos por uma grande causa”, porque é só com o
engajamento de toda a sociedade que será possível, se isso for possível, combater
a discriminação contra as mulheres.
Porém, em se tratando
de um artigo em defesa das mulheres, porque não incluir as feministas? Nas
palavras de Adichie, e na qual consideramos válidas, “as feministas odeiam os
homens, acham que as mulheres devem mandar nos homens; elas (feministas) não se
pintam, não se depilam, estão sempre zangadas, não tem senso de humor e não
usam desodorantes”. Será que é com atitudes deste tipo que se consegue o
respeito tanto desejado e almejado pelas mulheres?
Ao repetimos um argumento, ou uma ideia várias
vezes há uma tendência a naturalização do argumento e da idéia, torna-se
normal. A mesma situação acontece quando
vemos algo com frequência se torna normal. Então reflitamos: na maioria das vezes, só os
homens ocupam cargos de chefia nas empresas. Qual conclusão pode-se tirar desta
situação? Será normal que cargos de chefia somente sejam ocupados por homens e,
será que esta situação é adequada? É certo que mulheres e homens são
diferentes: possuem hormônios diferentes, órgãos sexuais diferentes. As
mulheres podem ter filhos, os homens não.
Os homens possuem mais testosterona e são fisicamente mais fortes. Há
milhares de anos atrás, quem detinha mais força física – ou seja, os homens – lideravam.
Porém, essa lógica vem se alterando. Hoje em dia quem tem mais inteligência e
criatividade é quem lidera. E para estes atributos não existem hormônios, força
física, ou órgãos específicos, basta dedicação ao estudo.
Perde-se muito tempo
ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas, o
oposto não acontece, e a principal contribuição para a reprodução desta
condição vêem da educação familiar, desta família chamada “tradicional”, que
define papéis orientando que meninas
devem brincar de casinha e, meninos devam
brincar de carrinho, ou as meninas devam usar roupas de cor rosa e os meninos
roupas de cor azul. Evidentemente que
não está em jogo aqui propor uma
revolução de gênero, ou mesmo moral. Mudanças de hábitos e valores culturais são
lentas e difíceis de ocorrer. Mas, talvez seja oportuno refletir sobre as
múltiplas formas de educar os filhos de maneira diferente, autêntica em
função da construção de uma sociedade comprometida com o respeito a condição do
outro em suas especificidades. Ensinar aos meninos que eles não devam ter medo,
não podem ser fracos, ou se mostrar vulneráveis é válido, na medida em que as
mesmas perspectivas possam valer também para as meninas. Assim é preciso
caminhar no sentido de superar aquela forma de educação das meninas que afirma que
elas devem cuidar da casa e dos maridos, ensinando as meninas a se encolher ao
mando dos homens, que elas não podem ter sucesso e salários maiores que do
marido. Talvez seja oportuno reafirmar a necessidade de se caminhar para uma
proposta educacional em que salvaguardadas as diferenças entre meninos e
meninas, homens e mulheres, o que de fato está em jogo é o compartilhamento de
responsabilidades, de visões de mundo, de perspectivas de vida que são comuns à
todo e qualquer ser humano independente de sua definição sexual.
Educam-se as meninas
para que elas não possam agir como seres sexuais do mesmo modo que os meninos.
Muitos pais não se importam com a(s) namorada(s) do filho, mas e os namorados
das filhas? Espera-se que elas arranjem o homem perfeito para, na hora certa,
se casar. Elogia-se a virgindade delas, mas não a dos meninos, algo que soa
estranho, porque a perda de virgindade envolve duas pessoas. E quando se atribui
a responsabilidade de um estupro pela roupa que a menina, ou mulher esta
vestindo? Esta atribuição de responsabilidade/culpa justificaria ação
instintiva e animalesca de um indivíduo escravo de seus desejos e,
perversidades?
Para finalizar o
presente artigo, porém sem a pretensão de finalizar o debate, Adichie dirá que
“o problema de gênero é prescrever como devemos ser, em vez de reconhecer como
somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para ser quem realmente somos se
não tivéssemos o peso das expectativas do gênero”; Alguém discorda?
Acadêmico
Weslei Pauli. Curso de Ciências Sociais –
Universidade
do Contestado - Mafra.

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