FILOSOFIA OCIDENTAL
Em
meio ao turbilhão de mensagens de auto-ajuda, mensagens que pregam a hegemonia
da técnica, da praticidade do fazer sobre o pensar. Em meio às mensagens
daqueles que dizem que a filosofia não tem a nada a dizer, não “serve para
nada”, ou ainda, àqueles que amenizam, que superficializam o discurso filosófico
para agradar os clientes, você esta se desafiando ao exercício do pensar numa
volta às origens do nascimento da razão, da filosofia.
Segundo
Nietzsche, pensador alemão do final do século XIX, nossa sociedade moderna é
composta por homens só boca e só ouvido. Alguns só sabem ouvir, mas ouvem e não
conseguem falar, ou ouvem, mas não escutam. Outros, são só boca: falam e apenas
falam. Mas não ouvem e o que falam pouco tem de concreto.
Nesta
mesma perspectiva, denunciando o vazio, a crise dos tempos atuais, o poeta e
dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues denuncia: "Nosso mundo é dominado
pêlos idiotas". E, segundo ele, idiotas que se espalham por todos os
lados, que falam e dão opinião sobre tudo, mas que não se dedicam a aprofundar
ou a questionarem o mundo em que se encontram inseridos.
Vivemos
um tempo marcado pelo paradoxo do pensamento, onde uma parcela significativa
das pessoas conduz suas existências, seus dramas cotidianos a partir de uma
visão de mundo permeada por pressupostos característicos do senso comum, onde prevalece
imperativamente a opinião, os achismos, as superstições. Por outro lado
convivemos com as imposições e arrogâncias do pensamento técnico que se
caracteriza pela praticidade do fazer. Em ambos extremos pensar é algo que
incomoda: somos cercados de técnicos que são só técnicos. Vivemos o domínio dos
especialistas. Todos entendem um muito somente de sua pequena área de atuação.
Não pensam além de sua mínima fronteira. Falam de tudo, mas não lêem, ouvem ou
questionam quase nada. Verdadeiros poços de verdade. Vivemos o tempo de da
crença na ciência que assim se expressa: “Se temos capacidade científica para
fazer o que quisermos por que não fazê-lo?. Onde tudo o que é tecnicamente
possível passa a ser eticamente inquestionável. "Se há domínio técnico que
se faça e não se questione."
Vivemos
em um tempo onde o pensar, onde o saber ouvir e o falar tornaram-se "coisa
de filósofo, esses indivíduos chatos que não se cansam de ficar perguntando o porquê
das coisas, mas que não resolvem, não produzem e, não faturam nada."
Afinal, diz o senso comum e os técnicos em couro: Com ou sem filosofia o mundo
continua tal e qual." Vivemos sim rodeados de cientistas: tanto técnicos
quanto os sociais que nos trazem pílulas de como saber viver, “kits” de
sobrevivência.
Talvez,
diante da constatação destas perspectivas existenciais que se fazem presentes
cotidianamente, tenhamos a possibilidade de nos desafiarmos a fazer uso da
razão, do pensamento, de pensar o mundo, a existência por própria conta e
risco. Por outro lado, talvez nossa omissão, nossa falta de vontade em mudar
essa situação pode nos custar cada vez mais caro. Daí por que cultivarmo-nos é
importante. Não apenas entender que o mundo nos convoca a pensá-lo e a vivê-lo
de forma diferenciada. Alegres como crianças, com vontade, reconhecendo que o
mundo é também aquilo que a gente constrói do mundo. Por que a vida, curta como
nos é, talvez não mereça ser vivida sem o mínimo de um pensar a condição humana
alicerçada na alegria, na poesia, na imaginação. Referenciando Arthur
Schopenhauer filósofo do século XIX, talvez o mundo seja apenas e ao mesmo tempo
tudo isso: "vontade e representação humana".
Diante
destas perspectivas também nos propõe Theodor Adorno (1903-69): "A tarefa
quase insolúvel de nosso tempo consiste em não nos deixar imbecilizar nem peio
poder dos outros, nem por nossa própria impotência". Compete a cada
indivíduo a responsabilidade de posicionar-se com inteligência, criatividade e
criticidade diante dos desafios que a sociedade moderna nos apresenta.
Este
é o tempo em que a presença do filósofo se apresenta como inadiável, urgente, e
a filosofia é reclamada por sua irrefutável necessidade. Necessidade de
decifrar o enigma da condição humana e de sua razão instrumental, de procurar
bases éticas humanas que nos possibilitem um reposicionamento dianteda vontade
de vida manifesta na dinâmica do cosmo.
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