terça-feira, 23 de janeiro de 2018

FILOSOFIA OCIDENTAL
 
Em meio ao turbilhão de mensagens de auto-ajuda, mensagens que pregam a hegemonia da técnica, da praticidade do fazer sobre o pensar. Em meio às mensagens daqueles que dizem que a filosofia não tem a nada a dizer, não “serve para nada”, ou ainda, àqueles que amenizam, que superficializam o discurso filosófico para agradar os clientes, você esta se desafiando ao exercício do pensar numa volta às origens do nascimento da razão, da filosofia.
Segundo Nietzsche, pensador alemão do final do século XIX, nossa sociedade moderna é composta por homens só boca e só ouvido. Alguns só sabem ouvir, mas ouvem e não conseguem falar, ou ouvem, mas não escutam. Outros, são só boca: falam e apenas falam. Mas não ouvem e o que falam pouco tem de concreto.
Nesta mesma perspectiva, denunciando o vazio, a crise dos tempos atuais, o poeta e dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues denuncia: "Nosso mundo é dominado pêlos idiotas". E, segundo ele, idiotas que se espalham por todos os lados, que falam e dão opinião sobre tudo, mas que não se dedicam a aprofundar ou a questionarem o mundo em que se encontram inseridos.
Vivemos um tempo marcado pelo paradoxo do pensamento, onde uma parcela significativa das pessoas conduz suas existências, seus dramas cotidianos a partir de uma visão de mundo permeada por pressupostos característicos do senso comum, onde prevalece imperativamente a opinião, os achismos, as superstições. Por outro lado convivemos com as imposições e arrogâncias do pensamento técnico que se caracteriza pela praticidade do fazer. Em ambos extremos pensar é algo que incomoda: somos cercados de técnicos que são só técnicos. Vivemos o domínio dos especialistas. Todos entendem um muito somente de sua pequena área de atuação. Não pensam além de sua mínima fronteira. Falam de tudo, mas não lêem, ouvem ou questionam quase nada. Verdadeiros poços de verdade. Vivemos o tempo de da crença na ciência que assim se expressa: “Se temos capacidade científica para fazer o que quisermos por que não fazê-lo?. Onde tudo o que é tecnicamente possível passa a ser eticamente inquestionável. "Se há domínio técnico que se faça e não se questione."
Vivemos em um tempo onde o pensar, onde o saber ouvir e o falar tornaram-se "coisa de filósofo, esses indivíduos chatos que não se cansam de ficar perguntando o porquê das coisas, mas que não resolvem, não produzem e, não faturam nada." Afinal, diz o senso comum e os técnicos em couro: Com ou sem filosofia o mundo continua tal e qual." Vivemos sim rodeados de cientistas: tanto técnicos quanto os sociais que nos trazem pílulas de como saber viver, “kits” de sobrevivência.
Talvez, diante da constatação destas perspectivas existenciais que se fazem presentes cotidianamente, tenhamos a possibilidade de nos desafiarmos a fazer uso da razão, do pensamento, de pensar o mundo, a existência por própria conta e risco. Por outro lado, talvez nossa omissão, nossa falta de vontade em mudar essa situação pode nos custar cada vez mais caro. Daí por que cultivarmo-nos é importante. Não apenas entender que o mundo nos convoca a pensá-lo e a vivê-lo de forma diferenciada. Alegres como crianças, com vontade, reconhecendo que o mundo é também aquilo que a gente constrói do mundo. Por que a vida, curta como nos é, talvez não mereça ser vivida sem o mínimo de um pensar a condição humana alicerçada na alegria, na poesia, na imaginação. Referenciando Arthur Schopenhauer filósofo do século XIX, talvez o mundo seja apenas e ao mesmo tempo tudo isso: "vontade e representação humana".
Diante destas perspectivas também nos propõe Theodor Adorno (1903-69): "A tarefa quase insolúvel de nosso tempo consiste em não nos deixar imbecilizar nem peio poder dos outros, nem por nossa própria impotência". Compete a cada indivíduo a responsabilidade de posicionar-se com inteligência, criatividade e criticidade diante dos desafios que a sociedade moderna nos apresenta.
Este é o tempo em que a presença do filósofo se apresenta como inadiável, urgente, e a filosofia é reclamada por sua irrefutável necessidade. Necessidade de decifrar o enigma da condição humana e de sua razão instrumental, de procurar bases éticas humanas que nos possibilitem um reposicionamento dianteda vontade de vida manifesta na dinâmica do cosmo.


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