BRASIL ESTAGNA NO RANKING DE IDH
PELO TERCEIRO
ANO SEGUIDO
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Apesar de leve crescimento no Índice de Desenvolvimento Humano, país
segue na 79ª posição entre 189
nações, atrás de países como Venezuela. Alta desigualdade, incluindo entre homens e
mulheres, impede avanço, aponta ONU.
A reportagem é publicada por Deutsche Welle, 14-09-2018.
Apesar de um leve crescimento em seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
o Brasil permaneceu
estagnado pelo terceiro ano consecutivo no ranking do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), mantendo-se
na 79ª posição entre 189 países.
Em relatório divulgado nesta sexta-feira (14/09),
o Pnud apontou que
o IDH brasileiro subiu
0,001 ponto em 2017 em comparação com 2016, chegando a 0,759 numa escala que
varia de 0 a 1 – quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.
Segundo o documento, um aumento de 0,14% na renda
média per capita do brasileiro garantiu que o país continuasse avançando, mesmo
timidamente, apesar de as desigualdades no acesso da população à saúde,
educação e perspectivas econômicas ainda persistirem.
Na América
do Sul, o Brasil é
o quinto país com maior IDH, atrás
de Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela. O índice brasileiro
está ainda ligeiramente acima da média regional da América Latina e Caribe, que
é de 0,758.
Apesar de o IDH do Brasil estar estacionado desde 2015, o país subiu 7 posições no ranking em
comparação com a posição de 2012. Segundo o Pnud, de 1990 até o ano passado, a taxa média anual de
crescimento do índice brasileiro foi de 0,81%.
Entre 2016 e 2017, a expectativa de vida dos
brasileiros cresceu de 75,5 anos para 75,7 anos. Já a renda nacional bruta
(RNB) aumentou de 13.730 dólares no ano retrasado para 13.755 dólares no ano
passado. O valor, contudo, está longe do registrado em 2015, de 14.350 dólares.
Os índices de educação, por sua vez, ficaram
estagnados nos últimos anos. A expectativa de anos de escolaridade para uma
criança que entra na escola é a mesma desde 2015, de 15,4 anos. Já a média de
anos de estudo de um brasileiro adulto é de 7,8 anos desde 2016.
Alta desigualdade
Quando o Pnud ajusta o IDH à
desigualdade – um método que relativiza o desenvolvimento humano em função
da diferença entre os mais ricos e
os mais pobres – o Brasil despenca 17 posições no ranking mundial,
caindo de 0,759 para 0,578.
Esses números representam uma queda de 23,9%
no IDH brasileiro, o
que colocaria o país na categoria de países de "médio"
desenvolvimento, em vez do "alto" que ocupa de fato.
Entre as nações da América do Sul, o Brasil é o terceiro país que mais
perde percentualmente devido ao ajuste à desigualdade, atrás do Paraguai, com 25,5%, e da Bolívia, com 25,8%.
Em relação ao chamado coeficiente de Gini – que mede o grau de concentração de
renda em determinado grupo e aponta a diferença entre os rendimentos dos mais
pobres e dos mais ricos –, o Brasil é considerado o nono país mais
desigual do mundo.
O relatório do Pnud alerta ainda contra a desigualdade de gênero no Brasil,
onde o IDHdos homens foi de 0,761 em 2017 e o
das mulheres, de
0,755. Embora as mulheres tenham melhor desempenho em relação à educação e
longevidade, a renda delas é 42,7% menor que a dos homens.
A baixa participação política feminina também ajuda
a derrubar o índice de igualdade, afirma o órgão. Segundo o levantamento, o
país com menor IDH do mundo, o Níger, tem proporcionalmente mais mulheres com
assento no Parlamento (17%) do que o Brasil (11,3%).
Perspectiva mundial
A lista de 189 países e territórios do Pnud, elaborada desde 1990
levando em conta os indicadores de saúde, educação e renda, é liderada
pela Noruega, com um
IDH de 0,953. Seguem no ranking Suíça (0,944), Austrália (0,939), Irlanda (0,938) e Alemanha (0,936).
Os cinco últimos países na lista são: Burundi (0,417), Chade (0,404), Sudão do Sul(0,388), República Centro-Africana (0,367)
e Níger (0,354).
A Irlanda registrou
um dos maiores crescimentos ao subir 13 posições de 2012 para 2017. Violência,
conflitos armados e crises internas fizeram com que países como Síria, Líbia,
Iêmen e Venezuela registrassem as maiores quedas: 27, 26, 20 e 16 posições
respectivamente.
Considerando a realidade de 1990, o IDH global
aumentou 21,7%. O número de países classificados como de "muito alto
desenvolvimento humano" aumentou de 12 para 59 e os de "baixo
desenvolvimento humano" caiu de 62 para 38 nesse mesmo período.
Em uma média global, a expectativa de vida das
pessoas ao nascer passou de 65,4 anos em 1990 para 72,2 anos em 2017.
Além disso, mais de 130 países conseguiram universalizar as matrículas de
crianças no ensino primário.
No entanto, assim como no Brasil, os
avanços são ameaçados pelas desigualdades entre países ou até internamente.
Mundialmente, a diferença na distribuição de renda chega a 22,6%, enquanto as
desigualdades nos ganhos em educação são de 22% e em saúde, de 15,2%.
Fone: http://www.ihu.unisinos.br/582791-brasil-estagna-no-ranking-de-idh-pelo-terceiro-ano-seguido
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