CONTRAPONTOS DO SISTEMA
DEMOCRÁTICO
A
melhor forma de governo sempre foi uma questão presente para a tradição da
filosofia política até a contemporaneidade. Mas, como pensar a melhor forma de
governo, sem antes pensar no reconhecimento do cidadão como cidadão, como parte
da Polis? O reconhecimento só é
possível quando se manifesta nas relações entre o cidadão e o Estado, sendo
está a sua representação.
A
democracia como representação da maioria, legitima o poder soberano do Estado. Como representação da maioria
subentende-se que exista liberdade política e, que toda a articulação envolvida
está para suprir a necessidade material da sociedade. Contudo, a incompreensão
desta condição é nociva e, potencializa dúvidas em relação a possibilidade da
democracia em suprir satisfatoriamente as demandas de participação da
sociedade, pois, poderá conferir poder à alguns, e esses constituírem-se de
forma legal no exercício da soberania.
O
instrumento da potência da democracia se posiciona com a aplicação de lei. As leis
são frutos da expressão social e de sua
necessidade. Porém, no decorrer da história, as sociedades humanas e suas
demandas passam por modificações. Assim, a democracia modifica-se também, desde
o interesse pela política, quanto a efetiva participação nela. A diretriz
envolvida na modificação posiciona-se com os interesses do cidadão no interior do
regime democrático. É interessante pensar também que a democracia ao longo da
história do ocidente entrou em diversos momentos em conflito de modo a variar com
a natureza das tensões características daquele contexto, fato esse que pode
demonstrar a fragilidade de nosso atual regime.
O
ser humano em sua natureza demonstra conflitos de interesse, sendo assim
suscetível a persuasão, o que pode levar a desilusões, ou aquelas formas de
manifestação na contemporaneidade marcadas pela apatia, por manifestações
apolíticas. Dentro desse processo, para analisar o sistema democrático e sua
potência há necessidade de transcrever o objeto que concede poder aqueles que
irão representar a ideologia dos cidadãos. Este objeto pode ser o voto, ele é a
demonstração da sociedade em sua capacidade envolver-se na dinâmica que define
as diretrizes da mesma, de forma representativa.
Entendido dessa
forma, o voto deveria ser expresso e assumido depois de longa reflexão. Porém,
há um conflito de ideais, propostas futuras, e negação da realidade. Os
cidadãos frustram-se com o candidato que eles elegeram, também negam fazer
parte da corrupção. Mas, aquela ajudinha individual dada na época da eleição, a
gasolina do carro, a dentadura, corrompe o cidadão e, por extensão a sociedade.
Vende sua alma na eleição e, depois demonizam o político em sua ineficiência,
ou envolvido em escândalos.
Pensar
a condição social é a possibilidade da análise do real, de evitar fechar os
olhos ao que está na frente, ou ainda, o que está oculto frente aos olhos. A
hierarquia política atual, em primeiro momento pode confundir o cidadão em
relação a quem exerce o poder. Assembléias e convenções não fazem sentido se não
há envolvimento das partes mais interessadas, daquelas que votam para fazer funcionar
o instrumento da democracia. A ausência de envolvimento em alguns processos faz
com que a democracia representativa fique à mercê de um potencial risco, da
perca de sua dinâmica, no sentido de que o cidadão haja de forma contraposta na
medida em que não há um reconhecimento do cidadão por parte do sistema.
Assim,
a presente análise reflete o que é a democracia e o que é vivenciado atualmente.
Ou ainda, procura demonstrar o resultado de contrapontos do que é a democracia,
a medida que convenções e contradições sociais a colocam em risco. Sendo assim,
o questionamento da filosofia política permanece ativo, a medida que posterior
a todas as modificações, o cidadão não se reconhece em seu sistema e nos
representantes escolhidos por eles, e tal fato resulta na falta de participação
no processo que deveria ser efetivado a partir da decisão da maioria. Assim, os
cidadãos que estruturam justificam o sistema não se reconhecem nele,
consequentemente não sentem representados por ele.
Artigo
publica no jornal Ótimo – Canoinhas – 25/09/2015.
Luana
de Oliveira
Acadêmica
de Ciências Sociais da Universidade do Contestado - UnC
Pesquisadora
PIVIC/UnC
Membro
do Grupo de Pesquisa em Ciências Humanas/Giorgio Agamben – CNPq
Sandro Luiz Bazzanella
Professor
Filosofia da Universidade do Contestado -
UnC
Coordenador
Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional
Líder
Pesquisador PIVIC/UNC
Líder
do Grupo de Pesquisa em Ciências Humanas/Giorgio Agamben - CNPq
Muito interessante o artigo quando reflete, que o pensar a condição social é a possibilidade da análise do real, de evitar fechar os olhos ao que está na frente, ou ainda, o que está oculto frente aos olhos. A hierarquia política atual. Observar a realidade, é não só refletir como agir, dentro da possibilidade de cada um, fazer acontecer.
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